quinta-feira, 4 de junho de 2009

Actividade Física na Terceira Idade

Numa sociedade cada vez mais sedentária, que alterna entre a cadeira do escritório e o sofá de casa, impõe-se cada vez mais a prática de exercício físico. Ao colocar as coisas desta forma, transmite-se a ideia de que o exercício físico é uma obrigação, quando pode ser na realidade um prazer que nos irá trazer inúmeros benefícios. Algumas pessoas já se consciencializaram disto, não só os jovens amantes de desporto, mas também adultos e até idosos. Sim, os idosos que hoje gostam de vestir o seu equipamento desportivo e sair à rua.
É justamente a prática de exercício físico na 3.ª idade e sua importância, o assunto abordado ao longo deste artigo que será, quiçá, um exemplo para os mais novos que adoram as actuais práticas desportivas denominadas por zapping, arriscadas manobras do dedo no comando da PlayStation, no teclado do computador ou até nas complicadas teclas do telemóvel que podem trair quem se aventura no maior desporto de todos: mensagens escritas enviadas durante uma aula.
Passemos então aos protagonistas deste texto, ou seja, os avós da geração acima referida. O crescimento demográfico da população sénior tem aumentado consideravelmente na Europa. Basta olharmos para o nosso país para constatarmos isso. É um factor interessante, mas principalmente preocupante, pois o essencial não é viver muitos anos, mas sim viver bem. É ao encontro desta máxima que o exercício físico, aliado a uma alimentação correcta e a uma vida tranquila, se torna de extrema importância.

Condicionantes à prática de exercício físico
Os idosos não têm a mesma condição física que os seus descendentes, estando à partida um pouco condicionados. Mas atenção!...Isto não pode ser considerada uma desculpa!
O processo de envelhecimento é acompanhado por algumas alterações fisiológicas no organismo e surgem doenças crónicas que são, muitas vezes, a “factura” de erros cometidos no passado. A prática de desporto pode ser, assim, condicionada pela diminuição de coordenação motora, da elasticidade muscular e vascular, por desvios da coluna e insuficiência cardíaca.
As alterações psico-sociais, como a depressão, o isolamento social e a baixa auto-estima podem também condicionar não só o bem-estar da pessoa, mas também a disposição para a prática de exercício. É necessário combater tudo isto, de forma a tornar o idoso mais saudável, bem-disposto, sociável e capaz de dar valor a si próprio. O curioso é que é justamente para combater estas condicionantes ao exercício físico que se faz a prática deste.
Quais os benefícios da actividade física?
Difundidos pelos meios de comunicação e por campanhas dos estabelecimentos e instituições de saúde, os benefícios de uma vida activa são já largamente conhecidos, embora isso pareça não ser suficiente para a prática de desporto. Muitos dos benefícios são comuns às várias faixas etárias, mas os idosos ainda têm mais vantagens em se levantarem do sofá sem ser para irem para a cama.
É lógico que se o exercício físico é iniciado cedo e mantido ao longo de toda a vida ajuda a prevenir doenças, como por exemplo, as cardiovasculares e a osteoporose, que são das mais frequentes nos idosos. Mas tal como se costuma dizer, “nunca é tarde demais”, logo, uma pessoa de mais idade pode começar a exercitar-se e isso também lhe trará vantagens, como a diminuição da dor provocada por estas doenças. Mas os benefícios não se ficam por aqui... Há um mal que afecta muitos idosos que o desejariam evitar: são as quedas, que acontecem por anormalidades do equilíbrio, do passo, deficiências visuais, etc., e que se podem tornar bastante perigosas. O exercício físico será como que a poção mágica e milagrosa que eles tanto esperavam. E porquê ? Porque irá fortalecer os músculos das pernas e das costas, melhorar os reflexos, a velocidade do passo, a mobilidade, incrementar a flexibilidade, entre outras. Ainda não estão convencidos? Passarão a estar depois de saberem que se verificam ainda melhorias no equilíbrio, na ingestão alimentar e mantém-se ainda o peso corporal. Mas há mais!... O sistema imunitário também apresentará melhoras no que toca à diminuição de infecções e até de alguns tipos de cancro, a diabetes pode ser prevenida e verifica-se a minimização das alterações cardiovasculares ou pulmonares. O exercício mantém saudáveis os ossos, os músculos e as articulações e, consequentemente, a pessoa, que se irá sentir mais feliz, terá mais possibilidades de estabelecer novas amizades, reduzindo a solidão e a exclusão social. Desenvolve-se ainda a auto-confiança, enorme contributo para o bem-estar psicológico do idoso.
Quem já está convencido, dirá, “são só vantagens!”, mas, infelizmente não é bem assim.

Possíveis riscos
É certo que os benefícios são em maior quantidade e superam os potenciais riscos da prática desportiva, mas eles também existem e, apesar de serem poucos, é importante referi-los.
Sendo assim, há a possibilidade de sofrer lesões ortopédicas, arritmias cardíacas, enfarte agudo do miocárdio (apenas em pessoas que não estejam treinadas e com certos factores de risco) e, em casos muito raros, morte súbita (uma morte em cada milhão e meio de episódios de exercício).
Devido a estes possíveis riscos, é aconselhável o acompanhamento de um médico, que poderá esclarecer o idoso sobre estes mesmos riscos, as razões que o devem levar a praticar exercício e quais os desportos e/ou práticas mais adequadas a ele.

Sugestões de exercícios
Salvo raras excepções, uma pessoa de maior idade não joga uma partida de futebol durante 90 minutos, nem se aventura a lançar um peso de 5kg. É óbvio que a pessoa já não se encontra em condições físicas de realizar tais actividades e, por isso, há algumas mais adequadas para a sua faixa etária.
Em Portugal tem vindo a difundir-se a prática da caminhada. Estudos recentes apontam que este ritual reduz até 50% as doenças cardíacas nas mulheres e em 20% o risco de enfarte nos homens, para além da diminuição dos problemas de hipertensão. Só pelo facto de sermos animais bípedes, a caminhada torna-se de extrema importância a nível físico. Um evento que comprova o gosto que os idosos vêm a adquirir por esta actividade é a Meia Maratona de Lisboa, por exemplo. Hoje em dia já muitas freguesias organizam eventos do género.

Às pessoas de idade avançada aconselha-se também a prática de hidroginástica, pois as propriedades da água oferecem uma ajuda preciosa na movimentação das articulações, na flexibilidade, na diminuição da tensão arterial, na força, entre muitos outros benefícios gerais mencionados anteriormente. Existem ainda outras actividades que os idosos poderão experimentar, consoante a sua condição e aptidão físicas.
Tal como em todas as restantes práticas desportivas realizadas pelas várias faixas etárias, também estas requerem uma organização dos exercícios, começando num aquecimento com exercícios de alongamento e actividade físicas de baixa intensidade, passando pela parte principal onde se incluem exercícios dos vários tipos de resistência e terminando com exercícios de alongamento finais.

Por tudo o que aqui foi dito e por mais algumas razões que tornariam o artigo demasiado extenso, as práticas de actividade física na terceira idade são muito importantes, dados os benefícios que trazem, não só para a saúde física, mas também mental e social. O desporto, nos idosos, deve ser recreativo e não competitivo. Além disso, hoje diz-se muito, “Envelhecer com o desporto, é envelhecer melhor”. Apesar do artigo apenas abordar a relevância do desporto nas pessoas de idade mais avançada, é óbvio que não são eles os únicos a quem se aconselha que se movimentem o mais possível. A actividade física é essencial em todas as idades!


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